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Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil
Me chamo Natália, diz minha mãe que fui chamada assim, pois representei o dia do nascimento para ela. Hoje acompanho partos como Doula. Sou Graduada em enfermagem, mãe do Caio á 2 anos, nascido de um maravilhoso parto natural aquático, companheira dessa e de outras vidas do Magno, amiga, irmã, filha e libriana. Gosto do natural, de viajar, de colocar os pés na terra, de plantar, de fotografar e dos nascimentos, todos! Estes assuntos cheios de ocitocina (hormônio do prazer) e prolactina (hormônio do amor) ... me movem, me fazem feliz!

terça-feira, 13 de março de 2012

Agir instintivamente: sabedoria feminina

Instinto

Devolver o parto ás mulheres não é uma ambição pequena. A história da obstetrícia é fundamentalmente “A História da Exclusão Gradativa da Mães ” do seu papel central no processo do nascimento.
Tudo começou no século XVII, onde exigia-se das mulheres que dessem a luz deitadas, de costas, visando assim facilitar o emprego do fórceps. Essa tradição começou quando Luiz XVI fez com que sua amante tivesse o parto nessa posição para que ele pudesse assistir do seu esconderijo, de traz de uma cortina. A partir dessa época tornou-se cada vez mais comum o obstetra com instrumentos em punho sempre posicionado em frente a mulher passiva na sua posição de supina e com “tudo sobre controle”. Na verdade a própria palavra Obstetra deriva-se do latim ob + stare que significa em pé, em frente.
Século XVII
A maneira em que nascemos repercute consequências á longo termo...  .
Todos os conjuntos de procedimentos obstétricos, reflete similarmente a degradação do papel da mulher no parto, as civilizações são em grande medida determinadas, moldadas pelas condições de nascimento.
O nascimento é um processo antigo e que só precisa de intervenções em alguns casos, se a parturiente recebe amor, privacidade, apoio e é cercada por pessoas que podem satisfazer suas necessidades ela será capaz de entrar em contato com aquela parte do seu cérebro que já sabe como dar a luz. Ela pode então deixar o seu corpo a guiar durante o processo de nascimento.  Se ela é deixada em paz no momento de parir  ela demonstra  a destreza e a sabedoria necessária para trazer ao mundo sua própria cria.
As mulheres em trabalho de parto não medicado parecem esquecer de si próprias e do que acontece á volta  durante esse processo,  elas passam a ter um olhar distante, esquecem as convenções sociais, perdem a auto consciência e o auto controle, elas agem deliberadamente, espontaneamente buscando e encontrando facilmente a melhor posição para elas e a mais eficiente do ponto de vista fisiológico do parto.
Desse mesmo modo, sem serem ensinadas, após o parto elas sabem exatamente como pegar e cuidar de suas crias, assim como o bebê sabe buscar pelo seio das mães.

O instinto faz parte do nosso comportamento feminino, assim como faz parte da intercessão da natureza com a cultura, como fazer amor, o trabalho de parto ou a busca dos bebês pelo bico do seio das mães.
Muitas mulheres no trabalho de parto, parecem entrar em um estado elevado de transe e para que essas forças entrem em ação as mulheres precisam ser deixadas tranquilas, num ambiente familiar, confortável, cercada por rostos familiares, com liberdade para movimentar-se como quiser.
Enquanto a primeira parte do trabalho de parto avança as contrações se tornam mais intensas, a mãe sente-se melhor ao dirigir-se para um lugar calmo e pouco iluminado. A mulher ouvindo seu próprio corpo precisa se concentrar e estar apta a achar as distrações externas como intrusivas.  Um ambiente sereno facilita a transição da mulher em direção a seu mundo interno. Afinal, muitos mamíferos dão a luz em cantos retirados, silenciosos e escuros, não é surpresa que seres humanos também busquem tais condições.
Sala obstérica convencional, onde ocorre
a maioria dos partos
Frequentemente, as mulheres querem ter próximo alguém que elas conheçam e aparentemente, precisam estabelecer um relacionamento especial com pelo menos uma pessoa durante o trabalho de parto que pode ser o companheiro, a mãe ou até uma amiga. Outras mulheres preferem ter diversas pessoas com ela durante o parto, segundo Michel Odent em seu livro: O Renascimento do Parto, estas mulheres cosumam ter trabalhos de parto mais longos e difíceis.
Talvez algumas mulheres queiram estar cercadas de pessoas nessa hora devido á um fundo de medo ou insegurança quanto ao parto. Portanto, estes sentimentos de ansiedade poderão se tornar ainda mais fortes se esta mulher perceber que está sendo observada ou sentir que ela deve atuar num papel especifico em relação as pessoas presentes. Por outro lado, mulheres pertencente á família ou que são baste unidas são frequentemente presenças confortadoras neste momento

Sala onde deveria ocorrer a maioria dos parttos



O Trabalho de Parto, o nascimento e a amamentação, são eventos sexuais, íntimos e intensos. A privacidade, a intimidade, calma, liberdade de vivenciar o parto em qualquer posição e a ajuda presente de bons profissionais, são cruciais para o trabalho de parto. Luzes agressivas, barulhos repentinos, maquinas frias e intrusos mascarados, típicos dos modernos ambientes hospitalares, bem como o confinamento da parturiente a posições ou a ambientes restritivos, são todos fatores inibidores.
A pratica medica em relação ao nascimento, continua evoluindo muito rapidamente, de forma que poderá ser difícil para as mães das futuras mães passarem informações valiosas e válidas para suas filhas, como ocorre na nossa “tradicional” sociedade. A brecha resultante entre experiência e conhecimento explica algumas tensões que existem entre mães e filhas e a desvalorização dessa sabedoria instintiva feminina.