Quem sou eu

Minha foto
Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil
Me chamo Natália, diz minha mãe que fui chamada assim, pois representei o dia do nascimento para ela. Hoje acompanho partos como Doula. Sou Graduada em enfermagem, mãe do Caio á 2 anos, nascido de um maravilhoso parto natural aquático, companheira dessa e de outras vidas do Magno, amiga, irmã, filha e libriana. Gosto do natural, de viajar, de colocar os pés na terra, de plantar, de fotografar e dos nascimentos, todos! Estes assuntos cheios de ocitocina (hormônio do prazer) e prolactina (hormônio do amor) ... me movem, me fazem feliz!

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Meu relato de parto....

A palavra coragem é muito interessante. Ela vem da raiz latina cor, que significa "coração". Desde que me senti grávida nunca pensei em outro parto que não fosse o natural, mesmo que a família por causa da preocupação excessiva e pelo desconhecimento sobre o processo de parto, sempre que o assunto surgia, me perguntavam sobre a data da cesárea, quando eu falava sobre o natural parecia que não era levada á sério ou realmente não acreditavam em mim. Compreensível, quando se parte do ponto de vista que na família a ultima a sentir as dores do parto tinha sido minha bisavó e desde então todas na família, inclusive eu, nasceram de cesáreas eletivas. Mesmo com todas as minhas fragilidades e medos, preferi seguir o caminho que meu coração apontava. O caminho do coração é o caminho da coragem. É viver na insegurança, é viver no amor e confiar, é enfrentar o desconhecido. É deixar o passado para trás e deixar o futuro ser. Coragem é seguir trilhas perigosas. A vida é perigosa. O coração está sempre pronto para enfrentar riscos. Assim me sentia pronta para mergulhar no momento mágico da minha transformação que se “completou” no dia 02/11/2009.

Add caption

  Durante a gestação procurei sempre me preparar para o parto, e preparar também as pessoas que eu gostaria que estivesses ali perto de nós naquele momento. Mas por mais que eu estudasse, lesse, nunca poderia sequer imaginar que tudo começaria tão pueril...
Naquela noite de domingo tiveram início os movimentos em meu ventre nem imaginava no que estava por vir, ao me deitar como de costume fiz minhas orações e como se num ato de preparação imergi num sono profundo. Na manha seguinte, resolvi me distrair e preparar a casa para a chegada do pequeno que sentia cada vez mais presente á cada contração. Deu-se início então, a nossa dança... Ficamos em casa, até o momento onde eu senti que era hora de ir para casa de parto, então liguei para nossa Fada Danúbia, enfermeira, mestre e amiga que nos assistiu durante toda gestação e combinamos de nos encontrar lá naquele templo de vida que é a casa de parto.


Add caption
Naquela atmosfera de amizade, amor e segurança com todas as pessoas que eu amo, celebrávamos a vida, não procurávamos entender, vivíamos aquele momento intimamente. Redenção... Eu era bicho de novo. O sol deu lugar à energia feminina da lua cheia, seda branca. Curvo humilde diante da sua grandeza.
O negro da noite cede lugar ao vermelho, ao suor, à energia abundante, ao fogo da criação. Terra e céu se misturam, movimentos de vulcão. Há todos os fenômenos em meu interior. O domínio cresce e entrego-me impotente à força da mãe divina. Sem limites, sem sentidos, explodo ao êxtase harmônico do meu corpo, energia, fenômeno cósmico, universo em expansão. Sinto-me parte de tudo, dissolvo-me no mundo, sem limites, espalho-me. Experimento a minha tão abençoada origem. O gozo do universo se repete relativo ao tamanho da minha existência.
Veio ao mundo uma criança, uma mãe e um pai. Não sei mais a diferença entre parir e nascer.

Add caption
Aos poucos retorno tranquila à cerimônia que chega ao fim neste estranho planeta onde estou. O fogo ainda se mantém timidamente aceso, aquecendo o corpo que experimentou em si a criação. Agora, mulher, fêmea, mãe, que recebe sem perceber os primeiros raios de um novo amanhecer que se aproxima. Pais com faces alvas, delicadas, revelando sono tranqüilo, almas rejubiladas, doces sorrisos de jovens que alcançaram em si a redenção!
Ouvir o coração com sinceridade sempre será a melhor forma de caminhar pelo caminho de cristais, com pontinhas que pinicam os pés, mas que ao mesmo tempo dão uma energia fabulosa desperta nosso prana e nos alimenta.
                                                                                            
Add caption
Só tenho um mestre além do meu Deus interior que me guia, me ensina e me mostra o caminho. Nele invisto a quantia que for. Meu mestre é meu filho Caio e a sua pureza de ser. Desde o dia em que chegou, à sua maneira diferente de ser, mostrou-me que nessa história o guia é ele! Assim tem sido e que assim seja! Chegou varrendo de nossas vidas os “mestres” que não nos guiavam até a felicidade, ensinou-me a importância de viver o presente, de me amar para poder amá-lo, de estar segura para dar-lhe segurança, de ter equilíbrio para dar-lhe paz!
A vida tem seus muitos mistérios. Conseguimos tocar algumas explicações, mas tantas ficam para trás. A mim importa, nesse momento, compreender de onde veio a minha "dor" do parto e o que eu faço com ela. Já sei que não quero fugir da "dor", sei que ela não me imobiliza, que a partir dela posso acessar lugares em mim que desconheço.
O equilíbrio das forças cumpriu-se mais uma vez. O ciclo nunca chega ao fim....

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

A DOR DO PARTO


Durante minhas vivências, tanto pessoal como na vida acadêmica e como Doula venho observando que o momento do parto e nascimento é geralmente carregado de expectativas, medos, ansiedades e preocupações para a gestante. Cada mulher tem a sua compreensão do processo de dor vivido nesse momento, diante de informações recebidas por vários personagens inseridos nesse contexto, tais como outras mulheres, familiares ou comunidade e as informações recebidas da equipe que acompanha o processo, para essa futura mãe, o trabalho de parto ate nascimento é um momento longo e doloroso. Diante desse dilema, é importante perceber que a dor durante a evolução do parto normal é vivenciado de diferentes formas.
Assim despertou em mim a curiosidade de saber o que realmente essas mulheres entendiam como dor, durante a evolução para o parto normal e durante o nascimento.
Em 2010, eu e um grupo de três estudantes de enfermagem realizamos um estudo de pesquisa intitulado “A Dor do parto e a Vivência das Mulheres”, coordenado pela Enfermeira Obstetra Danúbia Mariane Barbosa Jardim. Foi um trabalho gratificante onde conversamos e fizemos entrevista com oito mulheres que formaram um universo singular, cheio de características individuais e que tornou tão especial todo o trabalho, os discursos dessas mulheres serão apresentados ao longo do texto. 
Como a dor do parto se trata de uma dor aguda intermitente e somática, que vem com a contração e aumenta de intensidade aos poucos até atingir seu pico máximo, a magnitude dessa dor pode variar de mulher para mulher e de gestação para gestação ao longo do trabalho de parto até a expulsão do feto. Podendo diversos fatores influenciar nessa variação de intensidade da dor, entre eles, o limiar individual, o grau de relaxamento, o ambiente de atendimento, a presença e apoio de familiares e de profissionais como as Doulas. Nesse contexto Almeida, Sodré (2008), considera que a interpretação e a resposta á dor são influenciadas também pela dimensão emocional e não apenas sensorial, sofrendo influências de múltiplos fatores, culturais, étnicos, sociais e ambientais.
No âmbito da investigação sobre o tema acerca de vivências e análise de vários processos parturitivos, podemos observar que a dor durante a evolução do parto normal era vivenciado de diferentes formas, para algumas mulheres uma dor suportável, necessária, já para outras, um momento intolerável.
Sendo assim, surgem as seguintes indagações: Qual a percepção das mulheres frente à dor do parto normal, sua evolução e nascimento do bebê após a vivência parturitiva?  Quais os significados atribuídos por elas a dor do parto?
A PESQUISA:
Buscamos por mulheres na faixa etária entre 18-35 anos; primigestas (primeira gravidez), que evoluíram para parto normal sem analgesia e com parto realizado no máximo há dois anos. Este tempo foi delimitado devido à maior clareza nos sentimentos vividos pelas mulheres e por observamos que a memória das mulheres sobre a dor do parto, apesar de permanecer ao longo da vida, é mais intenso quando o parto é mais recente, assim permitindo reviver este momento.
Foram realizadas no total oito entrevistas que revelaram a forma particular como cada mãe vivenciou a dor do parto, para conservar a identidade destas mulheres elas foram chamadas por siglas E1, E2,E3, etc. Após a coleta dos dados, estes foram analisados, interpretados e divididos em três categorias:
  •   O Inesperado: Medos e Descobertas
O processo do parto é um momento vivido com muita ansiedade, que vem representado de várias formas, como, ansiedade e medo, que podem surgir neste momento (GUALDA, 1993).
 A gestação representa um período único e especial na vida da mulher, no qual a sensação de tornar-se mãe confunde-se muitas vezes com incerteza e medo de nunca ter passado pelo processo do parto.


Macedo (2007) destaca que o trabalho de parto, em nossa cultura, tal como é apresentado pela mídia e pela sociedade, é visto como um momento de intenso sofrimento, o que contribui para a idéia do parto como um evento de extremo padecimento, traumático e de risco para a vida.
Durante o desenvolvimento da pesquisa foi possível observar que a experiências de mulheres que já passaram pelo processo do parto normal, sendo ela negativa ou positiva, influenciam nas escolhas, medos e anseios da primigesta.

Neste contexto faz-se necessário a quebra de paradigmas socialmente estabelecidos e a construção de uma assistência humanizada, digna e respeitosa

Segundo Sescato (2008), é importante a realização de um pré-natal que forneça as informações que a parturiente precisa saber sobre o trabalho de parto e parto, pois no momento da internação as orientações dos profissionais de saúde serão recebidas como reforço e não como uma nova informação. As atitudes, a maneira como a parturiente usa seu corpo e o modo de se comportar durante o trabalho de parto dependem essencialmente das informações recebidas no pré-natal.
  • Vivendo a Experiência da Dor
A relação que cada mulher tem com o próprio parto é bastante singular e cada uma sente apenas a própria dor, sendo assim podemos observar experiências tão diferentes de um evento tão parecido.  Enquanto algumas mulheres vêem o parto como um momento doloroso outras atribuem-lhe significados que dão lugar à expressão de sentimentos para além da dor e do sofrimento, vivenciando-o de forma positiva e gloriosa.


Nos discursos acima é marcante o fato que ambas se permitiram viver o processo mesmo que para algumas com significados diferentes, elas abriram seus corpos para a experiência plena do nascimento e vivência consciente da dor.
Neste contexto muitas mulheres demonstram o desejo de lidar com a dor no trabalho de parto e parto sem intervenções farmacológicas. No presente estudo, todas as informantes utilizaram métodos não farmacológicos para o alivio da dor.

De acordo com Sescato (2008), os métodos não farmacológicos durante o trabalho de parto promovem o relaxamento através da descontração dos músculos do organismo, o que causa diminuição do seu tono evitando, com que a tensão interfira desfavoravelmente no automatismo uterino.
Na quase totalidade dos relatos, para o período do trabalho de parto e parto, observou-se a referência à atenção dispensada às parturientes pelos enfermeiros obstetras, outros profissionais como pelas Doulas e especialmente pelo acompanhante e/ou companheiro:


As relações interpessoais, nos moldes do acompanhamento contínuo, foram percebidas como capazes de produzir efeitos favoráveis sobre as vivências do estresse materno, configurando-se, assim, como recurso equivalente àqueles prescritos como tecnologia apropriada no campo dos cuidados prestados à parturiente.
  • Reflexões Sobre a Dor
As mulheres relacionam a superação da dor ao momento especial da maternidade, essas mulheres têm a visão de que a dor não se compara ao momento de receber um filho em seus braços.
Estas mulheres percebem a dor como o meio necessário para que consigam alcançar a vitória do nascimento de forma plena, transformadora e especial.
Após a experiência dolorosa do parto sentem-se vitoriosas, por terem bravamente suportado este momento, passam a sentirem mais fortes para encarar qualquer instante da vida.
Neste contexto foi possível observar que as mulheres entrevistadas citavam momentos de superação durante o trabalho de parto, onde se entregavam ao momento e a dor passou a significar para essas mulheres, um momento de superação, como demonstrado nas falas a seguir:

A dor também pode ser vivenciada pelas mulheres como um momento de felicidade, sendo apenas uma barreira a ser enfrentada, ou seja, para que o nascimento de um filho tão esperado aconteça é necessário passar por essa dor.


Houve ainda uma mulher que comparou a superação da dor a um momento de vitória, de prazer, onde essa experiência a fez sentir mais forte e mais preparada para enfrentar a maternidade.

Observamos que tudo passa a ter uma nova dimensão, que têm um caráter sobrenatural e dimensões imprecisas e que só a maternidade e capaz de transformar.

Odent (2002) coloca que o contato das mulheres consigo mesmas durante o parto é fundamental, onde durante o trabalho de parto e parto as funções intelectuais neocorticais devem estar colocadas em segundo plano, facilitando a expressão de funções cerebrais mais instintivas, características do parto.
Alves (2007) ainda coloca que o relaxamento da consciência experimentado durante o trabalho de parto possibilita uma transformação subjetiva através da ampliação da consciência, onde para essa transformação a mulher precisa ter dentro de si a capacidade de crescer com as vivências do parto.
Algumas mulheres evidenciam em suas falas a que a dor sentida naquele momento era simplesmente o seu corpo trabalhando e o seu corpo estava trabalhando para que o parto acontecesse de forma natural.

A consciência de estar vivendo algo onde não foi feito nenhum tipo de intervenção, que somente o seu corpo trabalhou para que o parto acontecesse, faz com que as mulheres se sintam protagonistas do seu trabalho de parto, lhes trazendo uma satisfação de ter vivenciado aquele momento de forma consciente e entregue.
A aproximação com as parturientes, com seu modo de vida, valores e crenças e com a sua visão de mundo, permitiu que eu entendesse os fatores que interferem sobre suas perspectivas na vivência da dor do parto.
Pude perceber que a dor ainda é um fator influenciável para a escolha da via de parto, o não conhecer o processo de parto e a intensidade da dor, faz com que primigestas relacionem a dor a um momento de intenso sofrimento, ressaltando ainda que ficou evidente durante a pesquisa que a experiência de outras mulheres também influenciam nas escolhas dessas mulheres.
Notei que apesar de ser experiências muito diferentes de um evento teoricamente tão parecido, cada mulher apresenta em seu discurso sua singularidade no que diz respeito á dor vivida, fazendo perceber que o parto não é um ato isolado, fechado em si mesmo, mas engloba uma série de fatores interligados, os quais constituem o momento do parto como algo intenso, transformador e único.
Nesse momento a assistência a mulher quanto ao uso de métodos não farmacológicos, destacando o apoio familiar e dos profissionais que participam do trabalho de parto, onde nos relatos confirmam que o uso desses no processo do trabalho de parto faz com que o mesmo seja menos doloroso, menos tenso e mais confortável para a mulher.
Assim finalizo, dizendo que as mulheres relacionam ter conseguido ou superado as dores do trabalho de parto como um momento de prazer, pois a dor lhes trouxeram algo especial, que segundo relatos nenhuma outra dor traria, um Filho. As mulheres entravam em um estado de consciência especial, como segundo o próprio relato de algumas mães, em estado de “transe” ou entrega, mostrando assim que estavam entregues e felizes por estarem passando pela transição de mulher a mãe.

REFERENCIAS:
1.      Almeida NAM, Soares LJ, Sodré RLR, Medeiros M. A dor do parto na literatura científica da Enfermagem e áreas correlatas indexada entre 1980-2007. Rev. Eletr. Enf. [Internet]. 2008;10(4):1114-23. Disponível em: < http://www.fen.ufg.br/revista/v10/n4/pdf/v10n4a24.pdf>. Acesso em: 08 out 2009.
2.      Alves, Alexandra Maria; Gonçalves1Cristhiane da Silva Ferreira; Martins1Maria Aparecida. A Enfermagem Puérperas Primigestas: Desvendando o Processo de Transição ao Papel Materno. Cogitare Enferm 2007 Out/Dez; 12(4):416-27
3.      BARBOSA, Gisele Peixoto et al . Parto cesáreo: quem o deseja? Em quais circunstâncias?. Cad. Saúde Pública,  Rio de Janeiro,  v. 19,  n. 6, Dec.  2003.   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2003000600006&lng=en&nrm=iso>. access on04  Sept.  2009.  doi: 10.1590/S0102-311X2003000600006.
4.      BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1997. 226p.
5.      BEZERRA, Maria Gorette Andrade; CARDOSO, Maria Vera Lucia Moreira Leitão. Fatores culturais que interferem nas experiências das mulheres durante o trabalho de parto e parto. Rev. Latino-Am. Enfermagem,  Ribeirão Preto,  v. 14,  n. 3, Junho  2006.   Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-11692006000300016&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 24  May  2009.  doi: 10.1590/S0104-11692006000300016
6.      DINIZ, Carmen Simone Grilo. Humanização da assistência ao parto no Brasil: os muitos sentidos de um movimento. Ciênc. saúde coletiva,  Rio de Janeiro,  v. 10,  n. 3, Set.  2005.  Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232005000300019&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 24  Maio  2009.  doi: 10.1590/S1413-81232005000300019.
7.      DUARTE, Rosália. Pesquisa qualitativa: reflexões sobre o trabalho de campo. Cad. Pesqui.,  São Paulo,  n. 115, Mar.  2002 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-15742002000100005&lng=en&nrm=iso>. access on  16  Oct.  2009.  doi: 10.1590/S0100-15742002000100005.
8.      Eler, Gabrielle Jacklin; Jaques, André Estevam. O enfermeiro e as Terapias Complementares para o Alivio da dor. Arq. Ciênc. Saúde Unipar, Umuarama, v.10, n.3, set./dez. 2006. Available from <http://revistas.unipar.br/saude/article/viewFile/624/541> access on  12 Mai.  2010.
9.      GUALDA, Dulce Maria Rosa. Eu conheço minha natureza: um estudo etnográfico da vivência do parto. São Paulo: Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo. Tese de Doutorado. 1993.
10.  IASP, International Association for the Study of Pain.  Pain: term a current list with definitions and notes on usage. Pain. 1986;3 Suppl:S215-21. Disponível em: <http://www.iasp-pain.org/AM/Template.cfm?Section=Pain_Definitions&Template=/CM/HTMLDisplay.cfm&ContentID=1728 >. Acesso em: 08 out 2009.
11.  IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Nascimento no Brasil: o que dizem as informações?. IBGE, 2009. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/indic_sociosaude/2009/com_nasc.pdf> . Acesso em: 08 out 2009.
12.  JATENE, A. D. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 196 de 10 de outubro de 1996. Disponível em: 1- LUDKE, M.; ANDRE, M. E. D. A. Pesquisa em educação: Abordagem Qualitativa. São Paulo: EPU, 1986.
13.  LOPES, Ana Lúcia Mendes; FRACOLLI, Lislaine Aparecida. Revisão sistemática de literatura e metassíntese qualitativa: considerações sobre sua aplicação na pesquisa em enfermagem. Texto contexto - enferm.,  Florianópolis,  v. 17,  n. 4, Dec.  2008.
14.  LUDKE, Menga. ANDRÉ, Marli E. D. A. Pesquisa em educação: abordagem qualitativa. EPU Editora, 1986. Edição 1, Versão 2008, São Paulo. 99p. ISBN: 116300.
15.  MACEDO, P. O. Significando a dor no parto: expressão feminina da vivência do parto vaginal. 2007, 91f. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Enfermagem. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2007.
16.  MOURA, Fernanda Maria de Jesus S. Pires et al . A humanização e a assistência de enfermagem ao parto normal. Rev. bras. enferm.,  Brasília,  v. 60,  n. 4, Ago.  2007 .   Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672007000400018&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 27  Maio  2009.  doi: 10.1590/S0034-71672007000400018.
17.  ODENT, Michel. O renascimento do parto. Florianópolis: Saint Germain, 2002.134 p. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-026X2002000200022>.
18.  PEDROSO, Rene Antonio; CELICH, Kátia Lilian Sedrez. Dor: quinto sinal vital, um desafio para o cuidar em enfermagem. Texto contexto - enferm.,  Florianópolis,  v. 15,  n. 2, June  2006 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-07072006000200011&lng=en&nrm=iso>. access on  08  Oct.  2009.  doi: 10.1590/S0104-07072006000200011.
19.  QUEIROZ, Maria Veraci Oliveira et al . Incidência e características de cesáreas e de partos normais: estudo em uma cidade no interior do Ceará. Rev. bras. enferm.,  Brasília,  v. 58,  n. 6, Dez.  2005 .   Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672005000600011&lng=en&nrm=iso>. Accesso em 24  Maio  2009.  doi: 10.1590/S0034-71672005000600011.
20.  REIS, Adriana Elias dos; PATRICIO, Zuleica Maria. Aplicação das ações preconizadas pelo Ministério da Saúde para o parto humanizado em um hospital de Santa Catarina. Ciênc. saúde coletiva,  Rio de Janeiro,  2009 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232005000500023&lng=en&nrm=iso>. access on  23  Mai.  2009.  doi: 10.1590/S1413-81232005000500023.
21.  RUANO, Rodrigo et al . Dor do parto: sofrimento ou necessidade?. Rev. Assoc. Med. Bras.,  São Paulo,  v. 53,  n. 5, Oct.  2007.   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-42302007000500009&lng=en&nrm=iso>. access on  08  Oct.  2009.  doi: 10.1590/S0104-42302007000500009.
22.  SARTI, Cynthia. A dor, o indivíduo e a sociedade. Saúde e Sociedade, vol. 10, no.1, 2001.
23.  SESCATO, Andréia Cristina; SOUZA, Silvana Rossi Kissula; WALL, Marilene Loeewen. Os cuidados não-farmacológicos para alívio da dor no trabalho de parto: orientações da equipe de enfermagem.  Disponível em:   <htp://bases.bireme.br/cgi-bin/wxislind.exe/iah/online/ sisScript=iah/iah.xis&src=google&base=LILACS&lang=p&nextAction=lnk&exprSearch=520944&indexSearch >. Acesso em: 13 mai 2010.
24.  SERAPIONI, Mauro. Métodos qualitativos e quantitativos na pesquisa social em saúde: algumas estratégias para a integração. Ciênc. saúde coletiva,  Rio de Janeiro,  v. 5,  n. 1,   2000 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232000000100016&lng=en&nrm=iso>. access on  16  Oct.  2009.  doi: 10.1590/S1413-81232000000100016.
25.  TURATO, Egberto Ribeiro. Métodos qualitativos e quantitativos na área da saúde: definições, diferenças e seus objetos de pesquisa. Rev. Saúde Pública,  São Paulo,  v. 39,  n. 3, June  2005 .   Available from <http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102005000300025&lng=en&nrm=iso>. access on  16  Oct.  2009.  doi: 10.1590/S0034-89102005000300025.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

O Resgate das formas de parir – da pré história á história


A visão do parto como um evento cultural e portanto histórico me fez querer saber mais sobre nossas mães, nossos antepassados, O PARTO DESDE A PRÉ – HISTÓRIA , sua evolução ao longo do tempo e os rumos que ele vem ganhando.
 Apesar das mulheres darem á luz desde o inicio dos tempos e de seu corpo estar programado para a reprodução da espécie, as práticas e os costumes que envolvem o nascimento e o parto variam ao longo dos tempos e nas diferentes culturas. (MOTT, 2002)
Como é de se supor, existem poucos documentos que afirmam com precisão como se davam os partos na pré-história, alguns estudos antropológicos sugerem que, no período paleolítico inferior (Antiga idade da pedra 500.000 A 30.000 aC), no momento do parto as mulheres se afastavam do grupo, davam à luz os seus filhos, cortavam o cordão umbilical, queimavam a placenta e regressavam ao grupo com o bebê nos braços. As mulheres não tinham parceiro fixo, não conheciam a origem da gestação e os homens não se interessavam pelo parto, que era realizado sem nenhuma ajuda (ALEXANDRE, 2011; SABATINO)

Na passagem do hominídeo ao homo sapiens e o advento do bipedalismo, no período Paleolítico Superior: (30.000 a 18.000 aC), a pelve sofreu muitas modificações como o estreitamento do canal pélvico, aumento na espessura dos ossos e fortalecimento da musculatura do assoalho pélvico. O volume do cérebro dos recém-nascidos chegou próximo dos limites do canal ósseo e o encaixe entre a cabeça e o canal de nascimento. Assim o o bebê humano para nascer, passa a fazer uma série de torções e giros durante o parto para que as duas partes de seu corpo de maiores dimensões — a cabeça e os ombros — estejam sempre alinhadas com o maior eixo do canal.
  
As modificações evolucionárias da pelve e cérebro humano, também fizeram com que a maioria dos bebês saia do canal de nascimento virado para as costas da mãe, dificultando que a fêmea humana ajude seu bebê, durante o nascimento, com seus braços. É provável que, para compensar essas dificuldades, a seleção natural tenha favorecido o comportamento de buscar assistência durante o parto. (ALEXANDRE, 2011)
 Sendo assim o homo sapiens, de hábitos sedentários e alimentação carnívora começa a ter o parto assistido por mestres, familiar ou parteira. O acasalamento torna-se patriarcado (as mulheres começam a ter parceiro fixo) e inicia-se a linguagem e a arte estampada em paredes de cavernas que aponta também a existência de ritos funerários e magia. (SABATINO)

No período Neolítico: (Idade da Pedra - 18.000 a 5.000 aC). Começa a domesticação de animais pequenos, a agricultura, confecção de cerâmica, teares simples, construção de pequenos barcos. Os nascimentos começaram a ser atendidos por parteira ou pelo marido. (SABATINO, 2010)

 Simoes ET AL, afirma que “Desde a pré-história o homem sempre observou os animais, a ponto de tirar proveito do conhecimento. Pinturas rupestres mostraram que os humanos na pré-história já tinham identificado o coração como um órgão vital a ser atingido em uma caçada bem sucedida.” (SIMOES ET AL, 2011)

Assim na Idade dos Metais (5.000 a 4.000 aC); onde há o surgimento da escrita e da urbanização estratificada e rural, no Egito e na Grécia os nascimentos eram assistidos por parteiras nas cidades e na zona rural pelo marido, que tinha experiência em atender partos nos animais e obtinham conhecimentos de métodos alternativos para atender partos e facilitar o nascimento na posição vertical. Neste período houve grandes avanços na agricultura, transporte e indústria, deu início aos trabalhos com cobre, estanho, bronze e ferro ao final. (SABATINO)


A partir da nossa pré-história, o apoio, a ajuda, o auxílio e por fim a assistência á mulher no momento do parto e trabalho de parto não se restringe aos homens contemporâneos, mas tem suas raízes nas profundezas de nossa ancestralidade.  A evolução humana nos mostra que essas práticas possam ter surgido até 5 milhões de anos atrás, quando o advento do bipedalismo constringiu o tamanho e o formato da pelve e do canal de nascimento pela primeira vez e as mulheres buscaram auxílio de alguém próximo. (Rosenberg ET al).

No decorrer da nossa história antiga (4.000 aC a século V) os nascimentos eram realizados por parteiras empíricas com a parturiente, na maioria das vezes em posição vertical, na época da história medieval (século V a século XV), os nascimentos aconteciam por parteiras regulamentadas, com a parturiente em posição vertical e colocada em cadeiras previamente fabricadas e em domicilio. Na história moderna (século XV a século XVIII), os nascimentos eram realizados por parteiras com instrução e por médicos, nesta época aparecem os primeiros livros de obstetrícia. Na nossa história contemporânea que começa a partir do século XVIII e vai até nos dias de hoje, houve muitos acontecimentos e mudanças, várias guerras ocorridas, mas principalmente as mundiais, permitiram avanços tecnológicos para facilitar a morte do inimigo. Muitos destes avanços são hoje utilizados pela medicina onde os nascimentos começaram a ser atendidos por médicos obstetras em instituições denominadas de Maternidades, diminuindo assim as mortes no período puerperal.  (SABATINO)
No modelo hospitalar dominante na segunda metade do século XX, nos países industrializados, a gestação e o parto, deixaram de serem eventos familiares, passando a serem acontecimentos institucionalizados, fundamentados na tecnologia, que se revelam em suas rotinas preestabelecidas. As mulheres deveriam viver o parto agora conscientes, imobilizadas, com as pernas abertas e levantadas, o funcionamento de seu útero acelerado ou reduzido, assistidas por pessoas desconhecidas. Separada de seus parentes, pertences, a mulher é submetida a uma série de procedimentos, onde se incluem no Brasil como rotina a abertura cirúrgica da musculatura e tecido erétil da vulva e vagina (episiotomia), e em muitos serviços como os hospitais-escola, a extração do bebê com fórceps nas primíparas (DINIZ, 2005, BEZERRA, 2006).
Como o parto, no decorrer do processo histórico social, deixou de ser um evento essencialmente privativo da mulher, para um evento institucionalizado adaptado às inovações tecnológicas a assistência à mulher passou a ser direcionada ao cuidado técnico de controle do processo de parturição, inclusive do processo doloroso. Desta forma, o parto sem dor passou a ser difundido pelo mundo. A parturiente é submetida a bloqueios regionais (peridural ou duplo-bloqueio) desde o início das contrações dolorosas. Desta forma o numero de cesáreas eletivas vem aumentando abruptamente. (ALMEIDA, 2007; RUANO, 2008).
Diante disso o Ministério da Saúde vem propondo a atenção a parturiente como uma de suas metas, sendo difundida na rede de saúde pública, por meio de incentivos como a Campanha de Incentivo ao Parto Normal e o Programa de Humanização do parto que promove situações que aliviam o desconforto e dor durante o trabalho de parto e também reduzem riscos para a mulher e para o bebê, ao mesmo tempo em que possibilita conforto e segurança para o acompanhante, onde o processo da dor pode ser reduzido através de métodos farmacológicos dentre eles destacam-se a analgesia peridural e raquidiana e os não farmacológicos onde destacam-se as massagens de conforto, acupuntura, aromoterapia, hidroterapia, deambulação, exercícios respiratórios e de relaxamento e musicoterapia, assim estes causam sensação de bem estar e reduzem a dor e o desconforto durante o processo do parto (REIS, 2005).
Nesse contexto, apesar dos números e estatísticas ainda serem altíssimas a cerca do número crescente de cesarianas realizadas no nosso país e no mundo, vejo a cada dia que passa que as mulheres estão mais conscientes do seu corpo, voltando ás suas raízes, a sua ancestralidade e apoderando - se do seu papel na hora do parto. O Ciclo evolutivo das formas de nascer desde a pré-história até nossos dias, após transcorridos milênios a posição da mulher no parto está sendo resgatada. Acredito que todo esse processo tem seu papel fundamental na formação e a evolução da mulher, do homem e do universo.

Referencias:
·                     MOTT, Maria Lucia. Parto . Rev. Estud. Fem., Florianópolis, v.10 n.2, Jul. 2002 Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ref/v10n2/14965.pdf  > Acesso em 04 Janeiro 2012doi:10.1590/S0104-026X2002000200009 

·                     ALEXANDRE, Andrezza Franzoni. Evolução do parto humano e da assistência ao parto. Disponível em: <http://www.amigasdopartoprofissionais.com/2011/03/evolucao-do-parto-humano-e-da.html>Acesso em 03 janeiro 2012.

·                     SABATINO, Hugo. SABATINHO, Verônica. Resgate das Formas de Nascer. Disponivel em: <http://www.immf.med.br/> Acesso em 04 janeiro 2012
·                     SIMOES, Ricardo Santos; KULAY JUNIOR, Luiz  and  BARACAT, Edmund Chada. Importância da experimentação animal em ginecologia e obstetrícia. França Rev. Bras. Ginecol. Obstet.. 2011, v.33, n.7,
·                     ROSENBERG, Karen; TREVATHAN, Wenda. A Evolução do Nasciemto Humano. Disponível em:< http://www.icb.ufmg.br/lbem/aulas/grad/evol/humevol/evol-nasc-humano.html>Acesso> em 04 janeiro 2012

·                     DINIZ, Carmen Simone Grilo. Humanização da assistência ao parto no Brasil: os muitos sentidos de um movimento. Ciênc. saúde coletiva,  Rio de Janeiro,  v. 10,  n. 3, Set.  2005.  Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
·                     BEZERRA, Maria Gorette Andrade; CARDOSO, Maria Vera Lucia Moreira Leitão. Fatores culturais que interferem nas experiências das mulheres durante o trabalho de parto e parto. Rev. Latino-Am. Enfermagem,  Ribeirão Preto,  v. 14,  n. 3, Junho  2006.   Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-11692006000300016&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 0Jan  2012.  doi: 10.1590/S0104-11692006000300016
·                     Almeida NAM, Soares LJ, Sodré RLR, Medeiros M. A dor do parto na literatura científica da Enfermagem e áreas correlatas indexada entre 1980-2007. Rev. Eletr. Enf. [Internet]. 2008;10(4):1114-23. Disponível em: < http://www.fen.ufg.br/revista/v10/n4/pdf/v10n4a24.pdf>. Acesso em: 04 jan 2012.
·                     RUANO, Rodrigo et al . Dor do parto: sofrimento ou necessidade?. Rev. Assoc. Med. Bras.,  São Paulo,  v. 53,  n. 5, Oct.  2007.   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-42302007000500009&lng=en&nrm=iso>. access on  04  jan2012.  doi: 10.1590/S0104-42302007000500009.