Quem sou eu

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Belo Horizonte, Minas Gerais, Brazil
Me chamo Natália, diz minha mãe que fui chamada assim, pois representei o dia do nascimento para ela. Hoje acompanho partos como Doula. Sou Graduada em enfermagem, mãe do Caio á 2 anos, nascido de um maravilhoso parto natural aquático, companheira dessa e de outras vidas do Magno, amiga, irmã, filha e libriana. Gosto do natural, de viajar, de colocar os pés na terra, de plantar, de fotografar e dos nascimentos, todos! Estes assuntos cheios de ocitocina (hormônio do prazer) e prolactina (hormônio do amor) ... me movem, me fazem feliz!

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Workshop - CLAUDIA RODRIGUES


Workshop Cláudia Rodrigues 


De 09hs ás 19hs com intervalo de 1 hora para almoço. No bairro existem várias opções de restaurantes e lanchonetes.

Investimento: R$ 300,00 (as duas oficinas)

Formas de pagamento:

·         3X de R$100,00 (julho/agosto/ setembro)
·          2X de R$150,00 (Agosto/setembro)
·          1X de R$ 300,00 (até 15 de setembro) ou
 A partir do dia 16/09 até o dia 30/09 R$350,00

Os valores podem  ser depositados no Banco do Brasil ou no Santander.
Se Tiver interesse entre em contato através do email oficinasclaudiarodrigues@yahoo.com.br, ou dos telefonesque acima citados que passamos os dados bancários.

Conheça mais sobre o trabalho da Cláudia; ascesse:

http://buenaleche-buenaleche.blogspot.com.br/
http://sul21.com.br/jornal/category/colunas/claudia-rodrigues/




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quarta-feira, 25 de abril de 2012

Tipos de Parto:


Tenho ouvido esta duvida frequentemente....

Quais são os tipos de parto e quais são as diferenças entre eles?

 É comum encontrar principalmente em cursos preparatórios para gestante e no discurso de alguns profissionais tais classificações para o parto, entretanto seria plausível, achar que partos, nascimentos, bebês, mulheres possam ser classificados por tipos?
Á algumas décadas atrás, quando o atendimento ao parto passou a ser extremamente hospitalocêntrico e tecnicista, modelo este ainda vigente na maioria dos hospitais, a mulher tem duas opções: “Parto Normal” ou “Cesariana”.

Parto Normal: Também chamado de parto vaginal. Geralmente as condições padronizadas são que a gestante em trabalho de parto permaneça em uma sala de pré parto ligadas ao “soro” que são hormônios para acelerar as contrações e encurtar o trabalho de parto, isso impede a movimentação dessa mulher aumentando ainda mais o desconforto, quando a mulher entra no período expulsivo é transferida para o bloco obstétrico ou cirúrgico, é deitada de costas com as pernas amarradas á suportes, geralmente é administrado a anestesia e a mulher recebe comandos para fazer força. Ainda se vê muito o uso da episiotomia (corte feito na musculatura da vagina), mesmo que não exista nenhum estudo cientifico comprovando a eficácia da mesma, tricotomia (raspagem dos pelos), enema (lavagem intestinal), ruptura artificial da bolsa, dentre outras intervenções, que infelizmente ainda é regra em muitos hospitais, infelizmente, indo contra todas as recomendações da Organização Mundial da Saúde.

Parto Fórceps: Também conhecido como Parto á Ferro, era usado pelos antigos quando o parto ficava difícil, onde a cabeça do bebe era buscada com um instrumento que consiste em um par de colheres metálicas para puxar o bebe para fora. Essa experiência era traumática para mãe e lesava o bebe, muitas vezes para sempre. Hoje em dia só é utilizado o “Fórceps de Alívio” (quando o bebe está mais baixo), em casos de emergência ou sofrimento fetal.

Parto Leboyer: Chamado também de “Parto sem violência”. Foi criado por um medico francês Dr. Frederic Leboyer na década de 70, em meio aos inúmeros movimentos, manifestações e luta por melhores condições para se dar a luz. O Parto Leboyer é feito em meio a pouca luz, silêncio, massagem nas costas do bebê, que não é dependurado pelos pés e nem recebe a famosa palmada “para abrir os pulmões”. Espera-se que o cordão pare de pulsar, para o bebê fazer a transição respiratória de forma mais suave. Antes mesmo do primeiro banho, que ocorre ainda na sala de parto perto da mãe, é estimulado o contato pele a pele entre mãe e o recém-nascido. No entanto o seu foco está somente no bebê e não na mãe, que ainda continua deitada de costas com as pernas amarradas nos estribos e realiza-se a episiotomia rotineiramente.

Parto na água: O parto na água é uma modalidade de nascimento onde a mulher fica dentro da água durante o período expulsivo de modo que o bebê chega ao mundo no meio aquático, exatamente como estava no útero. A água é aquecida a 36ºC, o ambiente geralmente fica à meia luz e o pai ou acompanhante pode entrar na banheira com a futura mãe. O uso da banheira também pode ser iniciado antes do período expulsivo, para relaxamento e para a suavização das sensações do trabalho de parto. As contrações ficam menos fortes e o bebê pesa menos sobre o colo do útero.
Muitas mulheres saem instintivamente da água na hora do bebê nascer, preferindo ficar sobre um colchão, de cócoras, deitada em posição semi- reclinada, ou até de lado (posição de Sims). Esses nascimentos costumam ser muito suaves e calmos e muitos bebês sequer choram quando são trazidos à tona para o colo de suas mães.


Parto de Cócoras: No Brasil parto de cócoras, foi resgatado pelo Dr. Paciornik, ao estudar o modo com que as índias tinham seus filhos, de acordo com o estudo do medico, é muito melhor para a mulher e para o filho um parto de cócoras. Quando a mulher se agacha, o canal vaginal se alarga cerca de 30% e a bexiga, a uretra e o reto, puxados para cima, ficam mais protegidos e deixam o canal vazio; ao contrário da posição deitada, na qual o canal de parto se estreita. O bebê, por sua vez, também é beneficiado pela maneira “primitiva” de parir, pois com o canal vaginal estreitado, ele tem mais dificuldades para sair, é maior o impacto que o pólo encefálico da criança tem de suportar, e a adaptação imposta é mais intensa. (Tenho observado que as mulheres sadias quando parem naturalmente elas assumem, automaticamente, a posição acocorada, que sob o ponto de vista fisiológico, é a posição mais coerente).

Parto Natural: Desde os anos 80, com a popularização das questões ecológicas e com os movimentos de resgate de uma vida mais saudável, natural e espiritualizada, muitas mulheres passam a optar pelo parto natural, onde o Obstetra (Medico ou Enfermeira) ou a Parteira acompanham o parto, mas não fazem nenhum tipo de intervenção, como anestesia, episiotomia, indução com “soro”, ruptura da bolsa, dentre outras. O ritmo e o tempo da mulher e do bebê são respeitados e a mulher tem liberdade para se movimentar e fazer aquilo que seu corpo lhe pede. Para alivio da dor a mulher pode utilizar de métodos não farmacológicos (massagens, posturas, exercícios de respiração, água quente e terapias alternativas). A recuperação é rápida.

Parto Humanizado: Segundo o Ministério da Saúde, parto humanizado é aquele em que a gestante tem direito a um mínimo de seis consultas de pré-natal, vaga garantida em um hospital na hora do parto e direito a um acompanhante. Porém o correto significado de Parto Humanizado deveria ser “o atendimento centrado na mulher”.  Se a mulher vai preferir ter o seu bebe de cócoras, na água, quanto tempo ela vai querer permanecer com o bebe no colo após o nascimento, quem vai estar na sua companhia, se ela vai querer se alimentar durante o trabalho de parto, todas essas decisões deverão ser tomadas por ela, protagonista do seu próprio parto e dona do seu próprio corpo. No parto humanizado está em questão ver e perceber a mulher como um ser humano e singular que precisa ser respeitado.

Cirurgia Cesariana: É uma cirurgia de grande porte que necessita de anestesia, é realizada através de corte na barriga atravessando várias camadas, da pele ao útero. Quando por fim o útero é cortado, o bebê é retirado de dentro do ventre da mulher. A cesárea só deve ser realizada quando a vida do bebê ou da mãe está em risco, deve ser feita nas seguintes situações:
  • por causa do bebê: o bebê precisa nascer muito rápido ou não pode nascer por baixo e em urgências, tais como quando o cordão umbilical sai antes do bebê, impedindo a circulação do sangue.
  • por causa da mãe e do bebê: o trabalho de parto tem problemas que impedem o parto vaginal e em urgências, por exemplo, quando a placenta se descola da parede do útero sem o bebê ter nascido, o que compromete o suprimento de sangue para o bebê.
  • por causa da mulher (mãe): quando existe alguma contra-indicação ao parto vaginal (por exemplo no caso de pré-eclâmpsia) ou se a mulher já sofreu muitas cesáreas.
Em qualquer situações está muito claro que a primeira opção é o parto vaginal. O parto cesáreo sempre deve ser encarado como uma solução quando o vaginal não é possível.

terça-feira, 13 de março de 2012

Agir instintivamente: sabedoria feminina

Instinto

Devolver o parto ás mulheres não é uma ambição pequena. A história da obstetrícia é fundamentalmente “A História da Exclusão Gradativa da Mães ” do seu papel central no processo do nascimento.
Tudo começou no século XVII, onde exigia-se das mulheres que dessem a luz deitadas, de costas, visando assim facilitar o emprego do fórceps. Essa tradição começou quando Luiz XVI fez com que sua amante tivesse o parto nessa posição para que ele pudesse assistir do seu esconderijo, de traz de uma cortina. A partir dessa época tornou-se cada vez mais comum o obstetra com instrumentos em punho sempre posicionado em frente a mulher passiva na sua posição de supina e com “tudo sobre controle”. Na verdade a própria palavra Obstetra deriva-se do latim ob + stare que significa em pé, em frente.
Século XVII
A maneira em que nascemos repercute consequências á longo termo...  .
Todos os conjuntos de procedimentos obstétricos, reflete similarmente a degradação do papel da mulher no parto, as civilizações são em grande medida determinadas, moldadas pelas condições de nascimento.
O nascimento é um processo antigo e que só precisa de intervenções em alguns casos, se a parturiente recebe amor, privacidade, apoio e é cercada por pessoas que podem satisfazer suas necessidades ela será capaz de entrar em contato com aquela parte do seu cérebro que já sabe como dar a luz. Ela pode então deixar o seu corpo a guiar durante o processo de nascimento.  Se ela é deixada em paz no momento de parir  ela demonstra  a destreza e a sabedoria necessária para trazer ao mundo sua própria cria.
As mulheres em trabalho de parto não medicado parecem esquecer de si próprias e do que acontece á volta  durante esse processo,  elas passam a ter um olhar distante, esquecem as convenções sociais, perdem a auto consciência e o auto controle, elas agem deliberadamente, espontaneamente buscando e encontrando facilmente a melhor posição para elas e a mais eficiente do ponto de vista fisiológico do parto.
Desse mesmo modo, sem serem ensinadas, após o parto elas sabem exatamente como pegar e cuidar de suas crias, assim como o bebê sabe buscar pelo seio das mães.

O instinto faz parte do nosso comportamento feminino, assim como faz parte da intercessão da natureza com a cultura, como fazer amor, o trabalho de parto ou a busca dos bebês pelo bico do seio das mães.
Muitas mulheres no trabalho de parto, parecem entrar em um estado elevado de transe e para que essas forças entrem em ação as mulheres precisam ser deixadas tranquilas, num ambiente familiar, confortável, cercada por rostos familiares, com liberdade para movimentar-se como quiser.
Enquanto a primeira parte do trabalho de parto avança as contrações se tornam mais intensas, a mãe sente-se melhor ao dirigir-se para um lugar calmo e pouco iluminado. A mulher ouvindo seu próprio corpo precisa se concentrar e estar apta a achar as distrações externas como intrusivas.  Um ambiente sereno facilita a transição da mulher em direção a seu mundo interno. Afinal, muitos mamíferos dão a luz em cantos retirados, silenciosos e escuros, não é surpresa que seres humanos também busquem tais condições.
Sala obstérica convencional, onde ocorre
a maioria dos partos
Frequentemente, as mulheres querem ter próximo alguém que elas conheçam e aparentemente, precisam estabelecer um relacionamento especial com pelo menos uma pessoa durante o trabalho de parto que pode ser o companheiro, a mãe ou até uma amiga. Outras mulheres preferem ter diversas pessoas com ela durante o parto, segundo Michel Odent em seu livro: O Renascimento do Parto, estas mulheres cosumam ter trabalhos de parto mais longos e difíceis.
Talvez algumas mulheres queiram estar cercadas de pessoas nessa hora devido á um fundo de medo ou insegurança quanto ao parto. Portanto, estes sentimentos de ansiedade poderão se tornar ainda mais fortes se esta mulher perceber que está sendo observada ou sentir que ela deve atuar num papel especifico em relação as pessoas presentes. Por outro lado, mulheres pertencente á família ou que são baste unidas são frequentemente presenças confortadoras neste momento

Sala onde deveria ocorrer a maioria dos parttos



O Trabalho de Parto, o nascimento e a amamentação, são eventos sexuais, íntimos e intensos. A privacidade, a intimidade, calma, liberdade de vivenciar o parto em qualquer posição e a ajuda presente de bons profissionais, são cruciais para o trabalho de parto. Luzes agressivas, barulhos repentinos, maquinas frias e intrusos mascarados, típicos dos modernos ambientes hospitalares, bem como o confinamento da parturiente a posições ou a ambientes restritivos, são todos fatores inibidores.
A pratica medica em relação ao nascimento, continua evoluindo muito rapidamente, de forma que poderá ser difícil para as mães das futuras mães passarem informações valiosas e válidas para suas filhas, como ocorre na nossa “tradicional” sociedade. A brecha resultante entre experiência e conhecimento explica algumas tensões que existem entre mães e filhas e a desvalorização dessa sabedoria instintiva feminina.


 

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Meu relato de parto....

A palavra coragem é muito interessante. Ela vem da raiz latina cor, que significa "coração". Desde que me senti grávida nunca pensei em outro parto que não fosse o natural, mesmo que a família por causa da preocupação excessiva e pelo desconhecimento sobre o processo de parto, sempre que o assunto surgia, me perguntavam sobre a data da cesárea, quando eu falava sobre o natural parecia que não era levada á sério ou realmente não acreditavam em mim. Compreensível, quando se parte do ponto de vista que na família a ultima a sentir as dores do parto tinha sido minha bisavó e desde então todas na família, inclusive eu, nasceram de cesáreas eletivas. Mesmo com todas as minhas fragilidades e medos, preferi seguir o caminho que meu coração apontava. O caminho do coração é o caminho da coragem. É viver na insegurança, é viver no amor e confiar, é enfrentar o desconhecido. É deixar o passado para trás e deixar o futuro ser. Coragem é seguir trilhas perigosas. A vida é perigosa. O coração está sempre pronto para enfrentar riscos. Assim me sentia pronta para mergulhar no momento mágico da minha transformação que se “completou” no dia 02/11/2009.

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  Durante a gestação procurei sempre me preparar para o parto, e preparar também as pessoas que eu gostaria que estivesses ali perto de nós naquele momento. Mas por mais que eu estudasse, lesse, nunca poderia sequer imaginar que tudo começaria tão pueril...
Naquela noite de domingo tiveram início os movimentos em meu ventre nem imaginava no que estava por vir, ao me deitar como de costume fiz minhas orações e como se num ato de preparação imergi num sono profundo. Na manha seguinte, resolvi me distrair e preparar a casa para a chegada do pequeno que sentia cada vez mais presente á cada contração. Deu-se início então, a nossa dança... Ficamos em casa, até o momento onde eu senti que era hora de ir para casa de parto, então liguei para nossa Fada Danúbia, enfermeira, mestre e amiga que nos assistiu durante toda gestação e combinamos de nos encontrar lá naquele templo de vida que é a casa de parto.


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Naquela atmosfera de amizade, amor e segurança com todas as pessoas que eu amo, celebrávamos a vida, não procurávamos entender, vivíamos aquele momento intimamente. Redenção... Eu era bicho de novo. O sol deu lugar à energia feminina da lua cheia, seda branca. Curvo humilde diante da sua grandeza.
O negro da noite cede lugar ao vermelho, ao suor, à energia abundante, ao fogo da criação. Terra e céu se misturam, movimentos de vulcão. Há todos os fenômenos em meu interior. O domínio cresce e entrego-me impotente à força da mãe divina. Sem limites, sem sentidos, explodo ao êxtase harmônico do meu corpo, energia, fenômeno cósmico, universo em expansão. Sinto-me parte de tudo, dissolvo-me no mundo, sem limites, espalho-me. Experimento a minha tão abençoada origem. O gozo do universo se repete relativo ao tamanho da minha existência.
Veio ao mundo uma criança, uma mãe e um pai. Não sei mais a diferença entre parir e nascer.

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Aos poucos retorno tranquila à cerimônia que chega ao fim neste estranho planeta onde estou. O fogo ainda se mantém timidamente aceso, aquecendo o corpo que experimentou em si a criação. Agora, mulher, fêmea, mãe, que recebe sem perceber os primeiros raios de um novo amanhecer que se aproxima. Pais com faces alvas, delicadas, revelando sono tranqüilo, almas rejubiladas, doces sorrisos de jovens que alcançaram em si a redenção!
Ouvir o coração com sinceridade sempre será a melhor forma de caminhar pelo caminho de cristais, com pontinhas que pinicam os pés, mas que ao mesmo tempo dão uma energia fabulosa desperta nosso prana e nos alimenta.
                                                                                            
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Só tenho um mestre além do meu Deus interior que me guia, me ensina e me mostra o caminho. Nele invisto a quantia que for. Meu mestre é meu filho Caio e a sua pureza de ser. Desde o dia em que chegou, à sua maneira diferente de ser, mostrou-me que nessa história o guia é ele! Assim tem sido e que assim seja! Chegou varrendo de nossas vidas os “mestres” que não nos guiavam até a felicidade, ensinou-me a importância de viver o presente, de me amar para poder amá-lo, de estar segura para dar-lhe segurança, de ter equilíbrio para dar-lhe paz!
A vida tem seus muitos mistérios. Conseguimos tocar algumas explicações, mas tantas ficam para trás. A mim importa, nesse momento, compreender de onde veio a minha "dor" do parto e o que eu faço com ela. Já sei que não quero fugir da "dor", sei que ela não me imobiliza, que a partir dela posso acessar lugares em mim que desconheço.
O equilíbrio das forças cumpriu-se mais uma vez. O ciclo nunca chega ao fim....

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

A DOR DO PARTO


Durante minhas vivências, tanto pessoal como na vida acadêmica e como Doula venho observando que o momento do parto e nascimento é geralmente carregado de expectativas, medos, ansiedades e preocupações para a gestante. Cada mulher tem a sua compreensão do processo de dor vivido nesse momento, diante de informações recebidas por vários personagens inseridos nesse contexto, tais como outras mulheres, familiares ou comunidade e as informações recebidas da equipe que acompanha o processo, para essa futura mãe, o trabalho de parto ate nascimento é um momento longo e doloroso. Diante desse dilema, é importante perceber que a dor durante a evolução do parto normal é vivenciado de diferentes formas.
Assim despertou em mim a curiosidade de saber o que realmente essas mulheres entendiam como dor, durante a evolução para o parto normal e durante o nascimento.
Em 2010, eu e um grupo de três estudantes de enfermagem realizamos um estudo de pesquisa intitulado “A Dor do parto e a Vivência das Mulheres”, coordenado pela Enfermeira Obstetra Danúbia Mariane Barbosa Jardim. Foi um trabalho gratificante onde conversamos e fizemos entrevista com oito mulheres que formaram um universo singular, cheio de características individuais e que tornou tão especial todo o trabalho, os discursos dessas mulheres serão apresentados ao longo do texto. 
Como a dor do parto se trata de uma dor aguda intermitente e somática, que vem com a contração e aumenta de intensidade aos poucos até atingir seu pico máximo, a magnitude dessa dor pode variar de mulher para mulher e de gestação para gestação ao longo do trabalho de parto até a expulsão do feto. Podendo diversos fatores influenciar nessa variação de intensidade da dor, entre eles, o limiar individual, o grau de relaxamento, o ambiente de atendimento, a presença e apoio de familiares e de profissionais como as Doulas. Nesse contexto Almeida, Sodré (2008), considera que a interpretação e a resposta á dor são influenciadas também pela dimensão emocional e não apenas sensorial, sofrendo influências de múltiplos fatores, culturais, étnicos, sociais e ambientais.
No âmbito da investigação sobre o tema acerca de vivências e análise de vários processos parturitivos, podemos observar que a dor durante a evolução do parto normal era vivenciado de diferentes formas, para algumas mulheres uma dor suportável, necessária, já para outras, um momento intolerável.
Sendo assim, surgem as seguintes indagações: Qual a percepção das mulheres frente à dor do parto normal, sua evolução e nascimento do bebê após a vivência parturitiva?  Quais os significados atribuídos por elas a dor do parto?
A PESQUISA:
Buscamos por mulheres na faixa etária entre 18-35 anos; primigestas (primeira gravidez), que evoluíram para parto normal sem analgesia e com parto realizado no máximo há dois anos. Este tempo foi delimitado devido à maior clareza nos sentimentos vividos pelas mulheres e por observamos que a memória das mulheres sobre a dor do parto, apesar de permanecer ao longo da vida, é mais intenso quando o parto é mais recente, assim permitindo reviver este momento.
Foram realizadas no total oito entrevistas que revelaram a forma particular como cada mãe vivenciou a dor do parto, para conservar a identidade destas mulheres elas foram chamadas por siglas E1, E2,E3, etc. Após a coleta dos dados, estes foram analisados, interpretados e divididos em três categorias:
  •   O Inesperado: Medos e Descobertas
O processo do parto é um momento vivido com muita ansiedade, que vem representado de várias formas, como, ansiedade e medo, que podem surgir neste momento (GUALDA, 1993).
 A gestação representa um período único e especial na vida da mulher, no qual a sensação de tornar-se mãe confunde-se muitas vezes com incerteza e medo de nunca ter passado pelo processo do parto.


Macedo (2007) destaca que o trabalho de parto, em nossa cultura, tal como é apresentado pela mídia e pela sociedade, é visto como um momento de intenso sofrimento, o que contribui para a idéia do parto como um evento de extremo padecimento, traumático e de risco para a vida.
Durante o desenvolvimento da pesquisa foi possível observar que a experiências de mulheres que já passaram pelo processo do parto normal, sendo ela negativa ou positiva, influenciam nas escolhas, medos e anseios da primigesta.

Neste contexto faz-se necessário a quebra de paradigmas socialmente estabelecidos e a construção de uma assistência humanizada, digna e respeitosa

Segundo Sescato (2008), é importante a realização de um pré-natal que forneça as informações que a parturiente precisa saber sobre o trabalho de parto e parto, pois no momento da internação as orientações dos profissionais de saúde serão recebidas como reforço e não como uma nova informação. As atitudes, a maneira como a parturiente usa seu corpo e o modo de se comportar durante o trabalho de parto dependem essencialmente das informações recebidas no pré-natal.
  • Vivendo a Experiência da Dor
A relação que cada mulher tem com o próprio parto é bastante singular e cada uma sente apenas a própria dor, sendo assim podemos observar experiências tão diferentes de um evento tão parecido.  Enquanto algumas mulheres vêem o parto como um momento doloroso outras atribuem-lhe significados que dão lugar à expressão de sentimentos para além da dor e do sofrimento, vivenciando-o de forma positiva e gloriosa.


Nos discursos acima é marcante o fato que ambas se permitiram viver o processo mesmo que para algumas com significados diferentes, elas abriram seus corpos para a experiência plena do nascimento e vivência consciente da dor.
Neste contexto muitas mulheres demonstram o desejo de lidar com a dor no trabalho de parto e parto sem intervenções farmacológicas. No presente estudo, todas as informantes utilizaram métodos não farmacológicos para o alivio da dor.

De acordo com Sescato (2008), os métodos não farmacológicos durante o trabalho de parto promovem o relaxamento através da descontração dos músculos do organismo, o que causa diminuição do seu tono evitando, com que a tensão interfira desfavoravelmente no automatismo uterino.
Na quase totalidade dos relatos, para o período do trabalho de parto e parto, observou-se a referência à atenção dispensada às parturientes pelos enfermeiros obstetras, outros profissionais como pelas Doulas e especialmente pelo acompanhante e/ou companheiro:


As relações interpessoais, nos moldes do acompanhamento contínuo, foram percebidas como capazes de produzir efeitos favoráveis sobre as vivências do estresse materno, configurando-se, assim, como recurso equivalente àqueles prescritos como tecnologia apropriada no campo dos cuidados prestados à parturiente.
  • Reflexões Sobre a Dor
As mulheres relacionam a superação da dor ao momento especial da maternidade, essas mulheres têm a visão de que a dor não se compara ao momento de receber um filho em seus braços.
Estas mulheres percebem a dor como o meio necessário para que consigam alcançar a vitória do nascimento de forma plena, transformadora e especial.
Após a experiência dolorosa do parto sentem-se vitoriosas, por terem bravamente suportado este momento, passam a sentirem mais fortes para encarar qualquer instante da vida.
Neste contexto foi possível observar que as mulheres entrevistadas citavam momentos de superação durante o trabalho de parto, onde se entregavam ao momento e a dor passou a significar para essas mulheres, um momento de superação, como demonstrado nas falas a seguir:

A dor também pode ser vivenciada pelas mulheres como um momento de felicidade, sendo apenas uma barreira a ser enfrentada, ou seja, para que o nascimento de um filho tão esperado aconteça é necessário passar por essa dor.


Houve ainda uma mulher que comparou a superação da dor a um momento de vitória, de prazer, onde essa experiência a fez sentir mais forte e mais preparada para enfrentar a maternidade.

Observamos que tudo passa a ter uma nova dimensão, que têm um caráter sobrenatural e dimensões imprecisas e que só a maternidade e capaz de transformar.

Odent (2002) coloca que o contato das mulheres consigo mesmas durante o parto é fundamental, onde durante o trabalho de parto e parto as funções intelectuais neocorticais devem estar colocadas em segundo plano, facilitando a expressão de funções cerebrais mais instintivas, características do parto.
Alves (2007) ainda coloca que o relaxamento da consciência experimentado durante o trabalho de parto possibilita uma transformação subjetiva através da ampliação da consciência, onde para essa transformação a mulher precisa ter dentro de si a capacidade de crescer com as vivências do parto.
Algumas mulheres evidenciam em suas falas a que a dor sentida naquele momento era simplesmente o seu corpo trabalhando e o seu corpo estava trabalhando para que o parto acontecesse de forma natural.

A consciência de estar vivendo algo onde não foi feito nenhum tipo de intervenção, que somente o seu corpo trabalhou para que o parto acontecesse, faz com que as mulheres se sintam protagonistas do seu trabalho de parto, lhes trazendo uma satisfação de ter vivenciado aquele momento de forma consciente e entregue.
A aproximação com as parturientes, com seu modo de vida, valores e crenças e com a sua visão de mundo, permitiu que eu entendesse os fatores que interferem sobre suas perspectivas na vivência da dor do parto.
Pude perceber que a dor ainda é um fator influenciável para a escolha da via de parto, o não conhecer o processo de parto e a intensidade da dor, faz com que primigestas relacionem a dor a um momento de intenso sofrimento, ressaltando ainda que ficou evidente durante a pesquisa que a experiência de outras mulheres também influenciam nas escolhas dessas mulheres.
Notei que apesar de ser experiências muito diferentes de um evento teoricamente tão parecido, cada mulher apresenta em seu discurso sua singularidade no que diz respeito á dor vivida, fazendo perceber que o parto não é um ato isolado, fechado em si mesmo, mas engloba uma série de fatores interligados, os quais constituem o momento do parto como algo intenso, transformador e único.
Nesse momento a assistência a mulher quanto ao uso de métodos não farmacológicos, destacando o apoio familiar e dos profissionais que participam do trabalho de parto, onde nos relatos confirmam que o uso desses no processo do trabalho de parto faz com que o mesmo seja menos doloroso, menos tenso e mais confortável para a mulher.
Assim finalizo, dizendo que as mulheres relacionam ter conseguido ou superado as dores do trabalho de parto como um momento de prazer, pois a dor lhes trouxeram algo especial, que segundo relatos nenhuma outra dor traria, um Filho. As mulheres entravam em um estado de consciência especial, como segundo o próprio relato de algumas mães, em estado de “transe” ou entrega, mostrando assim que estavam entregues e felizes por estarem passando pela transição de mulher a mãe.

REFERENCIAS:
1.      Almeida NAM, Soares LJ, Sodré RLR, Medeiros M. A dor do parto na literatura científica da Enfermagem e áreas correlatas indexada entre 1980-2007. Rev. Eletr. Enf. [Internet]. 2008;10(4):1114-23. Disponível em: < http://www.fen.ufg.br/revista/v10/n4/pdf/v10n4a24.pdf>. Acesso em: 08 out 2009.
2.      Alves, Alexandra Maria; Gonçalves1Cristhiane da Silva Ferreira; Martins1Maria Aparecida. A Enfermagem Puérperas Primigestas: Desvendando o Processo de Transição ao Papel Materno. Cogitare Enferm 2007 Out/Dez; 12(4):416-27
3.      BARBOSA, Gisele Peixoto et al . Parto cesáreo: quem o deseja? Em quais circunstâncias?. Cad. Saúde Pública,  Rio de Janeiro,  v. 19,  n. 6, Dec.  2003.   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2003000600006&lng=en&nrm=iso>. access on04  Sept.  2009.  doi: 10.1590/S0102-311X2003000600006.
4.      BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1997. 226p.
5.      BEZERRA, Maria Gorette Andrade; CARDOSO, Maria Vera Lucia Moreira Leitão. Fatores culturais que interferem nas experiências das mulheres durante o trabalho de parto e parto. Rev. Latino-Am. Enfermagem,  Ribeirão Preto,  v. 14,  n. 3, Junho  2006.   Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-11692006000300016&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 24  May  2009.  doi: 10.1590/S0104-11692006000300016
6.      DINIZ, Carmen Simone Grilo. Humanização da assistência ao parto no Brasil: os muitos sentidos de um movimento. Ciênc. saúde coletiva,  Rio de Janeiro,  v. 10,  n. 3, Set.  2005.  Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232005000300019&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 24  Maio  2009.  doi: 10.1590/S1413-81232005000300019.
7.      DUARTE, Rosália. Pesquisa qualitativa: reflexões sobre o trabalho de campo. Cad. Pesqui.,  São Paulo,  n. 115, Mar.  2002 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-15742002000100005&lng=en&nrm=iso>. access on  16  Oct.  2009.  doi: 10.1590/S0100-15742002000100005.
8.      Eler, Gabrielle Jacklin; Jaques, André Estevam. O enfermeiro e as Terapias Complementares para o Alivio da dor. Arq. Ciênc. Saúde Unipar, Umuarama, v.10, n.3, set./dez. 2006. Available from <http://revistas.unipar.br/saude/article/viewFile/624/541> access on  12 Mai.  2010.
9.      GUALDA, Dulce Maria Rosa. Eu conheço minha natureza: um estudo etnográfico da vivência do parto. São Paulo: Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo. Tese de Doutorado. 1993.
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